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quarta-feira, 12 de junho de 2013

PROFISSÃO, VOCAÇÃO E REALIZAÇÃO


 A etapa final da adolescência é uma fase de grandes conflitos e muitas decisões. É quando temos a impressão de que precisamos escolher o caminho para trilhar durante toda a vida. Nossos sentimentos se dividem, e muitas interrogações passam a permear nossos pensamentos. Por um lado, gostamos das brincadeiras e da falta de preocupação e responsabilidade. Por outro, começa a nascer e crescer no nosso íntimo uma necessidade por independência, mesmo sem identificar direito do que queremos ser independentes.
Acredito que a crise é instaurada nesse momento, porque até pouco tempo, as grandes decisões eram tomadas pelos nossos responsáveis, e de repente precisamos escolher uma profissão, traçar um plano de carreira, pensar em estágio, mercado de trabalho, independência financeira, precisamos decidir se vamos namorar, e com quem namorar. É uma fase de grande transição, e tudo isso parece que deve ser resolvido na urgência do imediato.
Com relação às escolhas profissionais, existem fatores que influenciam nessa decisão, e por isso, devem ser considerados. No entanto, acredito que esses fatores devam ser colocados em diferentes níveis de relevância na hora de escolher uma carreira. Abaixo quero discorrer um pouco sobre esses fatores, e os exponho por ordem de relevância, ao meu entendimento.
Apesar de considerar o retorno financeiro como o fator menos relevante, normalmente ele é o mais levado em conta na hora de decidir por uma profissão. Isso porque, o sucesso está erroneamente relacionado à conquista financeira. Acreditamos que o profissional bem sucedido é aquele que consegue alcançar um maior retorno material. Quantas pessoas estão se desgastando, desgostosas com a carreira que escolheram, correndo atrás de fortunas e de uma realização que parece inatingível.
Não sou inocente, e penso que as questões financeiras devam sim ser levadas em conta na decisão profissional, mas sinceramente acredito que dos fatores que influenciam nessa escolha, o retorno financeiro deve ser o menos preponderante.
Penso assim, porque acredito que a total realização do ser humano não está nas conquistas realizadas durante a vida, mas sim em viver uma vida dedicada a sua vocação. A prosperidade pode trazer um conforto, mas não preenche o vazio de ser e fazer aquilo que se é. O homem que cumpre sua vocação consegue experimentar a total realização.
Outra questão muito levada em conta pelos futuros profissionais é a realidade do mercado de trabalho. Muitos jovens escolhem sua futura profissão analisando qual das opçõesvai encaixá-lo mais rápido no mercado. Acredito que o fator da empregabilidade deva ser considerado, mas não deve ser determinante para a escolha de uma profissão.
A consequência da supervalorização desse fator é que surge no mercado uma espécie de rodízio, ou seja, quando existe carência de determinada profissão, muitos jovens optam por esse caminho profissional, por acreditarem que assim entrarão mais rápido no mercado de trabalho.Com o tempo essa área ficará saturada, e já não oferecerá tantas oportunidades.
Durante a adolescência, a influência dos amigos também pode influir na escolha poruma profissão. Acredito que opiniões externas são importantes e devam ser valorizadas em momentos de decisão, principalmente de amigos próximos que nos conhecem e caminham ao nosso lado. A adolescência é uma fase marcada por conflitos e incertezas, por isso, as decisões tomadas nesse período necessitam de um alicerce de conselhos. Um sábio já dizia que na “multidão dos conselhos há sabedoria”. Portanto, na hora de escolher uma carreira, devemos considerar não apenas a opinião dos nossos amigos, mas também o parecer da nossa família, daqueles que convivem e moram conosco.
A palavra final não deve ficar por conta dos conselhos que recebemos, mas também não devemos menosprezar as colocações feitas por aqueles que nos querem bem. É importante entendermos que a decisão é nossa, mas fazer essa escolha pautada em conselhos pode nos ajudar a acertar.
Outro fator muito importante é levar em conta as nossas habilidades e competências. Antes de decidir a carreira que vamos trilhar, precisamos conhecer bem a nós mesmos. Saber noque temos facilidade, onde estão as nossas fraquezas e quais são os nossos limites, são passos importantes na decisão de uma carreira.
Entendendo bem o nosso próprio funcionamento e conhecendo bem as nossas capacidades, podemos alinhar a nossa escolha profissional às nossas habilidades e competências. Acredito que, feito esse alinhamento, estaremos mais próximos de cumprir a nossa vocação, e assim mais perto de uma realização completa, tão desejada por todos.
Por fim, devemos identificar o caminho que nos será mais prazeroso. Qual é a nossa paixão? O que nos dá mais alegria? Qual seria a nossa escolha para a vida toda, independente do fator financeiro? Encontrar as respostas para essas perguntas já é um bom caminho percorrido em direção a nossa escolha profissional.
Não existe uma receita pronta para encontrar o equilíbrio entre a profissão e a vocação, mas durante a jornada profissional podemos caminhar em direção a nossa realização. Descubra quais são os seus sonhos, ouça os conselhos daqueles que te querem bem, não tenha medo de errar e não se deixe guiar apenas pelo retorno material.
Acredito que o grande sucesso na busca de uma realização pessoal é estar no lugar em que podemos fazer e ser quem somos, e a partir desse exercício, conquistar um retorno que será o nosso sustento nessa vida. Sei que a prática não é tão simplista assim, mas ainda acredito na possibilidade da realização do ser humano.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

CHORO E LAMENTO

Na madrugada do último domingo, 235 jovens, na cidade de Santa Maria/RS, não voltaram para casa. No final de tarde da sexta-feira anterior, um amigo meu de infância foi brutalmente assassinado em um bairro residencial de Curitiba.
Quando nos deparamos com histórias como essas, surgem questionamentos em nossa mente. Não é natural um pai enterrar o seu filho. Ficamos perplexos e vulneráveis diante da morte, e somos tomados por uma profunda tristeza.Muitas vezes, mesmo que com boas intenções, ficamos procurando explicações para esse tipo de tragédia. Queremos de toda forma entender o porque de tais acontecimentos. Surgem explicações das mais variadas, alguns até atribuem, erroneamente, tais acontecimentos à justiça divina. Quando Paulo escreve para a igreja em Roma, encorajando os irmãos daquela comunidade a chorar com os que choram, ele não entra no mérito do sofrimento daqueles que choravam. Paulo sabia que aqueles irmãos não estavam livres do sofrimento. Ele sabia que ali haviam pessoas que sofriam com doenças, mães que choravam pela morte de seus filhos, filhos que cuidavam de seus pais já acamados, homens e mulheres vítimas das mazelas do nosso mundo.
Em algumas ocasiões da vida não há espaço para justificativas e explicações. Como escreveu o autor de Eclesiastes: “... o tempo e o acaso afetam a todos”. Em momentos trágicos como o ocorrido em Santa Maria/RS, ou como o da família do meu amigo, as opções que nos restam é a oração e o lamento.
Diante da morte devemos chorar com aqueles que estão chorando, crentes na esperança de que pela manhã toda a lágrima será enxugada.