Páginas

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A MISSÃO DA IGREJA DIANTE DOS DESAFIOS INTERNOS E EXTERNOS

Depois de ler os quatro evangelhos e o livro de atos dos apóstolos, fica muito claro entender a missão da qual Jesus incumbiu a sua Igreja. Fazer discípulos, batizar, ensinar, pregar, expulsar demônios, curar os enfermos, libertar os cativos e testemunhar da vida do mestre. Enfim, nossa missão é continuar a fazer pelo mundo o que Jesus fez durante os seus três anos de ministério.

Quando decidimos seguir os ensinamentos de Jesus, precisamos estar dispostos a enfrentar desafios na sociedade em que estamos inseridos, tendo em mente que muitas vezes o mundo nos odiará. O próprio Cristo fez essa afirmação aos seus discípulos: “Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia” (João 15.18-19).

Isso é fato, quando a Igreja começa a cumprir a sua missão precisa entender que muitas vezes estará caminhando contrário ao sistema desse mundo. Foi assim com Jesus, foi assim com os apóstolos e a Igreja primitiva, foi assim com muitos discípulos ao longo da história do cristianismo. A Igreja precisa estar ciente que, na grande maioria das vezes, estará andando na contramão da sociedade.

Muitos serão os desafios políticos, vezes em que muitos governantes e legisladores se opõem aos ideais e princípios que regem a Igreja de Jesus. Desafios culturais e sociais de todos os tipos também deverão ser enfrentados por essa Igreja que resolveu pagar o preço de seguir os passos do seu mestre.

Porquanto é importante que a Igreja esteja inserida em todos os âmbitos da sociedade, tornando possível o cumprimento de sua missão no mundo todo. Por isso que Jesus disse certa vez que os discípulos dele seriam o sal da Terra e a luz do mundo (Mateus 5.13-14). É assim que deve ser a Igreja de Jesus Cristo, discípulos espalhados pelo mundo, andando em meio à sociedade, fazendo discípulos, batizando, ensinando, pregando, expulsando demônios, curando os enfermos, libertando os cativos e testemunhando da vida do mestre.

Mas toda essa oposição do mundo não é o único desafio a ser enfrentado. Mesmo dentro da comunidade eclesiástica da qual participamos, existem inúmeros obstáculos que temos que superar ao longo do desempenho da nossa missão.

O simples fato de a Igreja ser formada por pessoas diferentes e imperfeitas já criam vários problemas para a execução da missão deixada por Jesus. Temos opiniões diferentes uns dos outros, e cada um tem sua maneira de enxergar a realidade que nos cerca. Além do mais, não é fácil quebrar o orgulho e aceitar ideias diferentes das nossas. Precisamos de maturidade para saber lidar com nossas diferenças, visto que essa situação é normal em qualquer comunidade.

No entanto, o principal obstáculo não é esse. O grande problema, o maior desafio a ser enfrentado pelos discípulos de Jesus, é quando a Igreja perde o seu foco, e a sua principal motivação não é mais cumprir a missão de anunciar o Evangelho do Reino. Não raras vezes isso acontece, e o pior é quando esses movimentos começam a partir das lideranças, que usam todos os seus esforços para conseguir um crescimento no número de membros e na arrecadação de suas instituições.

Nesse sentido, o valor não está mais na eficiência do cumprimento da missão do Evangelho. O importante é fortificar a instituição, mesmo que isso sacrifique a essência da razão para qual a igreja existe. Se o importante é alcançar um público e lotar os templos, então vendemos em nossas celebrações o que o povo gosta. Gastamos todo o nosso tempo e dinheiro em entretenimento para segurar as pessoas dentro de todo o esquema.

Existem ainda instituições com esquemas onde a prioridade é conseguir arrancar o máximo de dinheiro dos membros. E para isso vale usar a chamada autoridade espiritual para vender bênçãos e promessas de prosperidade, enquanto povo que ali se reúne adoece diante de tamanho abuso.

Enquanto isso a instituição chamada igreja perde créditos diante da sociedade e deixa para trás um povo com a alma ferida, e desiludidos com um Evangelho que nunca conheceram.

Mas no meio de tudo isso, ainda existe uma Igreja que cumpre a missão do mestre. Existe uma Igreja que oferece liberdade aos cativos, cura aos doentes e paz àqueles que vivem em meio a guerras. Existe um povo que luta diariamente para salgar a Terra e iluminar o mundo.

Por isso ser Igreja é desafiador.

Diante desses desafios internos e externos a única certeza que podemos ter é que essa missão é possível, visto que o mestre está e estará conosco todos os dias, até o fim dos tempos.

Então vamos nos esforçar e transformar o mundo em um lugar melhor. Vamos oferecer às pessoas a oportunidade de serem melhores umas com as outras. Vamos aceitar os diferentes e aceitar as nossas diferenças. Vamos anunciar que chegou um novo Reino, com um novo Rei, sem opressões, sem diferenças, sem explorações, onde o maior mandamento é o Amor.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

RECONSTRUINDO MUROS II

A reconstrução dos muros não seria fácil. Ter o apoio do rei não significaria facilidades quando Neemias chegasse a Jerusalém e começasse a erguer as muralhas que estavam destruídas há algumas décadas. O povo que ainda morava por ali estava moralmente destruído, haja vista que “... passavam por grande sofrimento e humilhação...” (Neemias 1:3). Não seria fisicamente possível para Neemias reconstruir os muros sozinho.

Li essa história várias vezes na bíblia, e não encontro nela Neemias reclamando ou se queixando das circunstâncias. A convicção interna desse personagem é algo admirável. Neemias conseguia contagiar a todos com o seu projeto de reconstrução dos muros de Jerusalém. Foi assim com o rei Artaxerxes, foi assim com o povo judeu, foi assim com seus inimigos.

Ah... Os inimigos... Sambalate, Tobias e Gesém, o árabe. Se já não bastassem as inúmeras circunstâncias negativas, ainda havia esses três indivíduos que durante toda a execução do projeto fizeram uma forte oposição ao trabalho de Neemias. Ridicularizaram, zombaram, ameaçaram, articularam várias estratégias para desviar o foco de Neemias. Mas a grande obra não parava.

A cada nova leitura desse livro bíblico, minha admiração por Neemias só aumenta. Aos poucos vou me tornando um fã desse copeiro que há quem diga era eunuco devido a sua função dentro do palácio.

O mais incrível é ver o que Deus pode fazer com um homem que dispõe sua vida a um projeto divino, aparentemente louco a vista dos homens, mas cheio de Amor, Graça e Misericórdia. Talvez poucos investissem em projetos como esse. Talvez muitas das igrejas que hoje existem pensariam nesse projeto como algo impossível e sem retorno. Mas aquele homem sabia onde havia nascido aquele sonho. Aquilo havia brotado em um coração divino.

O grande projeto de Deus é reconciliar a humanidade consigo mesmo. “... Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não levando em conta as transgressões dos homens...” (II Coríntios 5:19). Essa reconciliação não é algo forçado, mas é oferecido a todos. E Deus quer que cada um que já está reconciliado, ajude outros nesse processo de reconciliação. Essa foi a Missão dada por Jesus aos discípulos.

Talvez pareça loucura. Talvez pareça algo impossível. Mas contamos com o poder e a presença de Jesus para a realização dessa Missão. Isso torna nossa tarefa possível. Não fácil. Talvez a dificuldade permaneça para que valorizemos essa Obra. Parece que tudo que é fácil não tem muito valor. Quando a tarefa é difícil precisamos dar o nosso melhor para a sua realização.

Pense nisso. Deus fez o melhor quando criou esse planeta. Quem sabe não é hora de darmos o nosso melhor nesse projeto de reconciliação da humanidade com o seu Criador.


João Haroldo Bertrand

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

RECONSTRUINDO MUROS

"Seu povo reconstruirá as velhas ruínas e restaurará os alicerces antigos; você será chamado reparador de muros, restaurador de ruas e moradias". (Isaías 58:12)


Toda vez que leio a história de Neemias fico emocionado com a maneira como ele se compadece dos judeus sobreviventes do cativeiro, que ainda viviam em Jerusalém. Sinto-me pequeno quando leio sua oração em favor do povo, arrependido pelos pecados que a nação de Israel havia cometido.

Imagino que a sua vida era bem tranqüila, uma vez que ele trabalhava direto com o rei mais poderoso do mundo. Creio que Neemias não passava por necessidades, talvez nem se lembrasse de como era a cidade de seus antepassados.

Continuo a leitura desse livro bíblico e vou me constrangendo com as atitudes do personagem principal. O modo como Neemias se apresenta diante do rei Artaxerxes e expõe toda sua angústia é admirável. Tudo estava planejado! Cada detalhe já havia sido pensado. Neemias provou que não era só um homem de oração, mas também de ação.

Projeto aprovado pelo rei. Agora, seriam necessários trabalhadores para reconstrução dos muros de Jerusalém.

Como motivar um povo destruído moralmente?

Mesmo diante de adversidades e adversários, que queriam impedir a todo custo essa reconstrução, Neemias envolve todo o povo em seu projeto. Uma população humilhada e desmotivada se levanta e começam a reconstruir aquilo que simbolizava o poder e a identidade da cidade de Jerusalém.

É impressionante ver como um homem, dedicado a Deus e ao seu povo, consegue reerguer uma cidade desacreditada e envergonhada. Jerusalém voltara a ter uma identidade. O tempo de humilhação chegara ao fim. E tudo porque um homem, convertido a Deus e ao seu povo, saiu de sua zona de conforto e agiu em favor daqueles que tiveram sua dignidade roubada.

Sempre que leio a história de Neemias aprendo mais sobre a Missão deixada por Jesus. Mesmo sabendo que essa Missão nos foi dada quase quinhentos anos depois do tempo de Neemias.

Aprendo a me compadecer com aqueles que tiveram seus “muros” derrubados, sua identidade arrancada. Olho para as mazelas da sociedade e oro arrependido, clamando por perdão e por cura. Aprendo a importância de orar pelo próximo, e lutar pela dignidade do indivíduo. Trabalho, sem medir esforços, pela reconstrução espiritual da sociedade em que estou inserido.

Jesus veio a esse mundo, e junto com Ele veio o seu Reino. A morte e ressurreição de Jesus nos dão a oportunidade de vivermos submetidos ao Reino dos Céus. Não mais sob o domínio de um mundo destruído pelo pecado, mas dominado por um Amor capaz de apagar qualquer transgressão e reconstruir a cidade, deixando-a como era no início. Um belo jardim!


João Haroldo Bertrand

quarta-feira, 7 de julho de 2010

VINHO NOVO, ODRES NOVOS

“Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam”. Mt 9:17

Jesus não veio para implantar um novo sistema ou reformar a religião da época. Quando Jesus se referiu a odres novos não quis dizer que deveríamos transformar nosso sistema religioso em algo mais leve e espontâneo. A mudança que Jesus propôs não foi tornar nossas celebrações mais livres ou organizá-las em reuniões informais. Ao se referir a odres novos, Jesus não quis propor que, como igreja, nossos ajuntamentos fossem transferidos para as casas, lanchonetes ou qualquer outro lugar. Jesus nunca falou sobre uma reforma institucional ou sobre uma nova estrutura. Isso porque o Reino de Deus não é uma estrutura visível, mas sim uma realidade perceptível.

Certa vez, questionado acerca de quando viria o Reino de Deus, Jesus respondeu que o Reino de Deus não vem de modo visível, porque esse Reino está dentro de nós (Lc 17:20-21). Para se referir à Igreja presente no mundo, Jesus sempre usou como metáforas, objetos que não são visíveis, mas perceptíveis a sensação humana, como por exemplo, o sal, a luz e o fermento. Esses elementos em ação, não são estruturas visíveis, mas transformam o ambiente em que são colocados.

Odre novo não é uma referência a uma nova religião ou a uma liturgia menos ritualística, mas o odre se torna novo quando o Reino de Deus invade o coração humano e proporciona uma transformação de dentro para fora, trazendo um novo paradigma de pensamento e uma nova dinâmica de espiritualidade.

Dessa forma, não buscamos mais a Deus com o cumprimento da lei, mas mediante Jesus Cristo, que levou sobre si toda a nossa condenação quando morreu naquela cruz. Agora, com um coração voltado para a Graça e não mais para a lei, temos paz com Deus, pois voltamos a nos relacionar com o nosso criador, não porque cumprimos um ritual ou obedecemos a certas regras, mas porque Jesus, com sua morte e ressurreição, é uma ponte sobre o abismo que nos separava do Pai.

Portanto, todos somos sacerdotes e não precisamos mais ir até um lugar sagrado para nos encontramos com Deus. Todos os lugares que freqüentamos se tornam sagrados, porque o Espírito que consagra está em nós. Precisamos entender que uma experiência com Deus acontece dentro da alma humana e não em um lugar geográfico. O lugar da adoração é exatamente onde estamos, basta que adoremos em Espírito e em verdade.

Então, que venha o Vinho Novo, e que transforme a nossa mente, que inunde o nosso coração de Graça e Amor, de tal forma que tudo venha a nascer de novo. Que venha o Reino de Deus e com ele toda a justiça que já não mais nos atribui culpa alguma. Que os nossos pensamentos sejam moldados pelos pensamentos do Rei e a nossa espiritualidade vivida de Glória em Glória todos os dias com o Rei na Glória.

Vinho novo, odres novos, tudo novo!

João Haroldo Bertrand

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

"ONDE ESTÁS?"

O que aconteceu?
Não sinto mais a tua presença,
Será que coloquei tudo a perder?
Onde está a certeza que tinha do teu amor?
Onde está o amor que antes eu tinha pela tua criação?

O que aconteceu?
Sinto que não existe mais aquela paz,
Que sentimentos são esses que invadem a minha alma?
Por que não me alegro mais no viver?
Por que não consigo mais curtir o cantar das aves?

O que aconteceu?
Meus olhos se abriram para minha nudez,
Por que não confiei em tuas palavras?
Por que não acreditei em ti, Aba Pai?
Será que voltarei a ouvir teus passos?

Não sei se conseguirei mais olhar nos teus olhos.
Talvez tudo esteja perdido,
E a morte se torne meu destino.
Mesmo com medo, tua voz ainda me acalma:
"Onde estás?"