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terça-feira, 23 de outubro de 2007

OBEDECENDO A LEI DEBAIXO DA GRAÇA

Não é engraçado como nós, os cristãos, gostamos da lei? Tudo precisa ter um limite pré-estabelecido. Não conseguimos entender a Graça de Deus, e com isso, estamos sempre procurando algo que nos leve a salvação. Pensamos que com nossas atitudes legalistas seremos dignos do Céu, afinal de contas obedecemos a todos os mandamentos, o que nos falta ainda?
Sempre buscamos o limite, queremos uma norma bem estabelecida, e a partir disso encontrar as brechas na lei. Qual tipo de lugar frequentar, permissão para bebidas alcoólicas, o que ouvir, o que comer, o quer ler, o que assistir... Enfim, em tudo buscamos limites.
Não acho errado ter limites, acho necessário. Mas quando tento buscar na lei, parece impossível. Não quero ser legalista ao ponto de me fechar em um mundo particular, mas quero agradar o coração de Deus com uma vida integra... Então lembrei quando um fariseu, perito na lei, pôs Jesus à prova perguntando qual o maior mandamento, e respondeu Jesus: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: Ame o seu próximo como a si mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas.”
Agora comecei a ver os meus limites, tudo ficou mais claro. Só um homem que era totalmente Deus poderia dar uma resposta como essa. Alguém que não era legalista, mas que obedecia toda a Lei, Ele, que não pecou, mas que ama o pecador, nos mostrou o caminho da obediência. Quando amo, abro mão de prazeres, vontades, sonhos ou até da própria vida, e tudo para não escandalizar, tudo para não ser uma pedra de tropeço, tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns, tudo para alegrar Aquele que é o autor da vida.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

ESCOLHA

Caramba... Deus me criou e ainda me deu a oportunidade de escolher segui-lo ou não!!! Que tipo de Criador da à criatura a opção de rejeitá-lo? O Criador chamado AMOR. Ele é capaz de amar sem precisar ser amado, Ele fez e amou sua criação mesmo sabendo que ela não iria amá-lo... Tudo isso porque quer das criaturas amor voluntário... Deus criou o ser humano com liberdade para escolhê-lo ou não, e mesmo quando a escolha foi rebelar-se, Ele revelou seu plano de Salvação.
PAI OBRIGADO POR PODER TE SERVIR E TE AMAR ESPONTANEAMENTE
ESCOLHA
“Ele pôs um punhado de barro sobre outro, até que sobre o solo jazesse uma forma sem vida...
Estava tudo em silêncio quando o Criador retirou de si mesmo algo que ainda não fora visto. "Chama-se 'escolha'. A semente da escolha".
A criação ficou em silêncio e fitou a forma sem vida.
Um anjo falou: - Mas e se ele...
- Se ele escolher não amar? - Completou o Criador, - Venha, vou mostrar-lhe.
Livres do hoje, Deus e o anjo adentraram no reino do amanhã...
O anjo perdeu o fôlego diante do que viu. Amor espontâneo. Devolução voluntária. Nunca vira algo assim... O anjo permaneceu sem fala, enquanto atravessavam séculos de repugnância. Jamais tanta sujeira. Corações maus. Promessas rompidas. Lealdades esquecidas...
O Criador avançou no tempo, cada vez mais adiante no futuro, até chegar junto a uma árvore que seria transformada em um berço. Ele até pôde sentir o cheiro do feno que o cercava...
- Não seria mais fácil não plantar a semente? Não seria mais fácil não conceder a escolha?
- Seria- respondeu devagar o Criador. - Mas remover a escolha é remover o amor.
... Eles entraram novamente no Jardim. O Criador olhou seriamente para a criação de barro.
Uma inundação de amor cresceu dentro dele. Ele morrera pela criação antes de havê-la feito. O vulto de Deus curvou-se sobre a face esculpida e soprou. O pó moveu-se nos lábios do novo ser. O peito levantou e quebrou a lama vermelha. As bochechas encarnaram. Um dedo mexeu-se. E um olho se abriu.
Porém mais inacreditável que o movimento da carne foi o agitar-se do espírito. Os que puderam ver o nunca visto arfaram.
Talvez tenha sido o vento o primeiro a dizer: Talvez o que as estrelas viram naquele momento seja o que as tenha feito cintilar desde então. Talvez tenha ficado para um anjo o cochichar:
- Parece com... parece demais com... é Ele!
O anjo não falava da face, das feições ou do corpo. Ele olhava dentro - para o espírito.
- É eterno! - Ofegou um outro.
Dentro do homem, Deus havia posto uma semente divina. A semente de si mesmo. O Deus de poder havia criado o mais poderoso da Terra. O Criador fizera não uma criatura, mas outro criador. E aquele que escolhera amar, criara um que podia amar em troca.
Agora a escolha é nossa.”
Max Lucado

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Crente Medíocre

Pensando sobre o que é ser crente me entristeci e percebi o quanto sou medíocre. No dicionário a definição de medíocre é: “mediano; que está entre o bom e o mau; ordinário; insignificante; aquele ou aquilo que tem pouca qualidade, pouco valor, pouco merecimento.” Quantas vezes minha fé é mediana, insignificante e de pouca qualidade e valor, penso que estou levando uma vida compromissada com Deus, chego a achar que sou um homem do qual o mundo não é digno, mas na verdade não passo de um crente medíocre carente da graça e misericórdia do Pai.
O crente medíocre gosta de reparar a vida dos outros, gosta de julgar as pessoas, condenado-as, “dando gancho”, “humilhando’’, dizendo que perdoa sem esquecer, aplicando sanções aos pecadores. Quando algum irmão peca contra ele, corre contar para toda a Igreja e começa a tratá-lo como pagão ou publicano.
O crente medíocre gosta de falar aos outros o quão crente ele é, como ele ora, jejua e lê a bíblia. Sua oração é alta para que todos ouçam. Ele gosta de criticar as pregações, os momentos de louvor, a liturgia do culto é um grande alvo para os seus comentários, que alias, dificilmente são em tom de elogio.
O crente medíocre sempre agradece porque não é como os outros homens: ladrões, corruptos e adúlteros. Ele sempre se orgulha por dar o dízimo e obedecer a Lei, mas não consegue chorar pela causa dos órfãos, das viúvas e dos necessitados. Na verdade ele não abraça nenhuma causa, só consegue olhar para si, só consegue ver o seu problema. Verdadeiro sepulcro caiado, vivendo uma religiosidade, mas seus pensamentos são impuros e geram a morte.
O crente medíocre não ouve “música do mundo”, não vai ao cinema, nem ao teatro, é um analfabeto político, não assiste televisão e nem sabe o que se passa pelo Planeta Terra. Ele se orgulha por orar em línguas, mas não consegue amar o seu vizinho incrédulo, nem sequer o conhece. Ele é um alienado dos acontecimentos da vida, não sabe discutir e nem entende as questões existenciais, como a dor, a miséria, a sexualidade, a paixão, o amor...; vê o diabo em tudo e vive querendo “amarrá-lo”, sempre declarando a vitória, mas mal obedece a Deus e praticamente desconhece o Jesus que venceu a morte e o inferno na Cruz do Calvário.
O crente medíocre não se preocupa com as questões sociais, para ele a pobreza e a doença são sinais de falta de fé, por isso ele ora determinando a benção e tomando posse sem conhecer o Deus da benção. Ele não se envolve com o mundo para não se “contaminar”, por isso não sabe qual a real necessidade da sua sociedade. Ele não se envolve em questões ecológicas, não se preocupa com o desmatamento das florestas, com a extinção de algumas espécies de animais, com a falta de água potável... Aliás, ele nem sabe que o seu carro e a sua geladeira estão contribuindo para acabar com a camada de ozônio, e com isso, provocando o aquecimento global.
O crente medíocre exige de Deus uma prosperidade financeira, e luta para juntar tesouros na Terra. Ele não é pobre de espírito, não chora, não é humilde, não tem sede de justiça e nem é misericordioso, não é puro de coração, não luta pela paz e nem é perseguido por causa da justiça. Ele não consegue salgar a Terra e nem iluminar o Mundo. Tudo o que faz é para ser visto pelos homens, gosta do lugar de honra, fecha o reino dos céus, não entra e não deixa ninguém entrar. Crente medíocre! Obedece a Lei, mas negligencia a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Guia de cego! Côa um mosquito e engole um camelo.
Enquanto sou um crente medíocre, atrapalho o crescimento do Reino de Deus no Planeta, me transformo numa pedra de tropeço, e fecho o Céu para mim e para o meu próximo. Não quero aceitar essa mediocridade, quero ser um agente transformador, que a minha diferença não esteja no modo de me vestir ou no meu falar, mas na essência: coração bom, olhos bons. Quero ser um crente que vive bem com o meu próximo. Quero ser reconhecido como um crente pelo que eu "sou" e não por aquilo que "não faço". Quero ser um crente simpático aos outros, agradável, piedoso, que se entristece com a dor do próximo, mas também se alegra com o seu sucesso. Não quero falar a todo o momento que sou crente, para que outros saibam, mas quero viver de tal modo que outros percebam Cristo em mim. Quero ficar a distância, sem nem ousar olhar para o céu, e batendo no peito dizer: “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador!”
02/10/2007