Dou início a
esta breve reflexão citando o autor Paulo Brabo em sua obra “A Bacia das Almas”:
“... O capitalismo é religião: seu deus, ao contrário do que se pensa, não é o
dinheiro, mas a performance”.
No sistema
desse mundo somos cobrados o tempo todo pelo nosso desempenho. Na maioria das
vezes o que somos não é levado muito em conta, mas o que conseguimos realizar é
o que vale mais para preencher nossos currículos.
Por isso,
pouco a pouco nos tornamos seres inseguros e performáticos. Inseguros, porque
temos que mostrar que somos os melhores para desempenhar determinadas funções. Performáticos,
porque não podemos demonstrar nossa insegurança.
A partir dessa
realidade, vendemos uma imagem que está mais relacionada com o que podemos (ou
pelo menos achamos que podemos) fazer do que com o que verdadeiramente somos.
Necessitamos de um bom marketing
pessoal e de um extenso networking,
afinal de contas “quem não é visto não é lembrado”. A concorrência é muito
grande, e a qualquer momento podemos ser facilmente substituídos por alguém com
uma performance melhor.
Dessa forma,
“colocamos máscaras” para garantir o nosso espaço. Para alcançar a tão sonhada
aceitação, vendemos uma imagem daquilo que não somos, mas sim daquilo que
pensamos que os outros esperam de nós. E tudo o que conseguimos conquistar e
realizar se transforma em material para a nossa própria publicidade.
Na Bíblia,
percebemos que no ministério de Jesus a dinâmica era bem diferente. Ele
dificilmente divulgava o seu trabalho. Jesus não fazia os milagres para
demonstrar que era filho de Deus, mas, por ser o filho de Deus, os milagres
aconteciam. No Reino de Deus não precisamos nos preocupar com a nossa própria
publicidade, porque o nosso valor não é medido pelo nível da propaganda, mas
sim pela identidade que recebemos do Pai.
O nosso objetivo
essencial como Igreja não deve consistir em descobrir as melhores estratégias
de crescimento, ou em demonstrar nossa efetividade através de métodos ou do
cumprimento de metas pré-estabelecidas. O Amor de Deus não pode ficar limitado
aos nossos planejamentos. Ao contrário, esse Amor deve estar em nós. E em nós,
ele deve ser confundido com a nossa própria existência. Assim como o Pai é
visto no Filho, que ambos possam ser vistos em nós.
Felizes
aqueles que encontraram o seu verdadeiro valor no Criador. Felizes os pobres,
que choram, famintos por justiça. Felizes os fracos que reconhecem de onde vem a
verdadeira força. Felizes aqueles que não se dobraram ao culto da performance.
Nenhum comentário:
Postar um comentário